sexta-feira, 25 de abril de 2014

SMARTPHONE - cada um poderá montar o seu

Na época em que os desktops estavam em alta, há 10 anos ou mais, não era incomum que se montasse o próprio computador. Você pensava numa configuração e saía atrás das peças. Comprava a placa-mãe, o processador, os pentes de memória, o disco rígido, a placa de vídeo, a placa de rede, a fonte, o gabinete, o teclado.
Daí que o computador era realmente pessoal. A máquina refletia seus hábitos, suas idiossincrasias e, até, sua personalidade. Mas então veio a popularidade dos notebooks, surgiram os smartphones e os tablets, e tudo isso ficou mais difícil. O tempo do faça você mesmo ficou para trás. Você pode optar por um entre vários modelos, mas a personalização é bastante limitada. Basicamente, dá para escolher a capinha que vai por fora e os aplicativos que vão por dentro.
O Google através da Motorola Mobility (que pertence ao Google) anunciou o projeto Ara, para permitir a personalização do celular, atualizando, trocando componentes, sem ter de comprar outro. A tela, câmera, processador, memória e bateria parecem peças de Lego, que são encaixadas num "endoesqueleto", coberto por esses módulos. A ideia é criar uma plataforma aberta, em que várias empresas possam fornecer os módulos. Mais ou menos como ocorre no mundo dos PCs.
O holandês Dave Hakkens já tinha tido essa ideia, e publicado no YouTube um vídeo conceito de uma plataforma modular para celulares que ele chamou de Phonebloks. O principal objetivo era acabar com o desperdício de trocar de aparelho todo ano. "Fizemos um trabalho técnico profundo. Dave criou uma comunidade. O poder de ser aberto exige ambos", escreveu Paul Eremenko no blog da Motorola, anunciando colaboração com Hakkens.
De um lado, existe a Apple, que projeta produtos completos, com hardware e software feitos para trabalhar juntos. Existem poucas opções de configurações dos produtos da Apple, e isso garante estabilidade e qualidade. Bem diferente do mundo bagunçado do Windows, em que há infinitas combinações de hardware e software. Ou do Android. A proposta do projeto Ara, que ainda precisa se provar, está em outro extremo. Próxima do movimento dos "makers" (fazedores), que constroem os próprios eletrônicos.
David Mellis, pesquisador do Media Lab, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), já projetou e construiu seu próprio telefone móvel. Ele publicou os esquemas da placa de circuito impresso e do corpo de madeira do aparelho para quem quiser fazer o próprio celular em casa.
Mellis gastou US$ 150 para construir um aparelho que só suportava chamadas telefônicas, com tela colorida de 1,8 polegada. O protótipo funcionava com um chip convencional GSM, de qualquer operadora.

*com informações de OESP/Renato Cruz